ELLE CUSTÓDIO

No consultório, o médico atenciosamente perguntou se eu estava bem. Notei que sua pergunta realmente demonstrava interesse no ser humano sentado diante dele. Geralmente respondo que está tudo bem, mas precisava dizer como me sentia. Não era somente o cansaço físico. Então, respondi: “sinto-me deteriorada, parece que ando juntando os pedaços”. Com gentileza, disse: “você tem esta impressão por causa dos seus planos parados, organize a sua vida e se sentirá melhor”. Depois da consulta, levei comigo os pedidos de exames para descobrir o que causava o meu abatimento. Sobretudo, segui a sua “orientação médica”. Organizei minhas emoções, os pensamentos, meu quarto, minha rotina, meus planos. E comecei o ano mais leve. Agora, ando me sentindo inteira.

Quando cheguei, não acreditei no que vi. Durante toda a minha vida enxergava esta cena de vilarejos intocáveis das cidades históricas em fotos de livros ou Instagram. Sentei na beira da calçada, pois não tinha encontrado nenhum banco próximo dali. Não possuía máquina fotográfica para eternizar aquele momento, e meu celular havia sido deixado com a bagagem no quarto. Mas fotografei com a mente.    No primeiro plano, tulipas enfileiradas enfeitavam a margem da estrada. Uma fileira ao lado da outra, cada uma de uma cor: roxa, amarela, branca e laranja. Cores tão vivas saltavam diante dos meus olhos com tanta perfeição. Atrás descansava um lindo tapete verde. No fundo, uma montanha se exibia com seu topo branco como um grande pedaço de bolo açucarado. Acima, uma amplitude azul. Um espetáculo de sensações.     Senti uma brisa em meu rosto.     Respirei fundo e agradeci.     Oh, que belo passeio pela Europa!     Então, acordei.