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Mostrando postagens de março, 2022

Descoberta

 Enquanto lia, deitada na cama. Ele tocava ao lado, sentado à frente do computador. Quando o visitava, passávamos horas assim. Ele estudava para passar no ENEM durante o dia, mas todas as noites, às 20h, e no sábado à tarde e domingo, ouvia música e se agarrava ao seu violão. Cantava e tocava com paixão. Seu repertório era vasto, com mais de 49 músicas memorizadas.  Uma vez, lancei um olhar na sua direção. Como era lindo contemplar uma pessoa apaixonada pelo que fazia. Não era só o apego pelo objeto que o acompanhava desde a Argentina por quase uma década. Suas histórias antigas da vida boêmia. Suas horas gastas na frente do Ableton Live criando batidas. Era seu entusiasmo que me encantava. Um homem de muitas camadas. Talentoso na cozinha. Com uma memória de elefante e conversas incomuns. Criador de logos minimalistas. Ovolactovegetariano como eu. Enjoado pra caramba. Mas que ninguém precisava perguntar qual era o seu sonho. Pois ele era músico sem plateia com algumas letras riscadas e

Nunca é tarde

Nunca é tarde. Mesmo que os anos tenham passado. Mesmo que seus neurônios estejam preguiçosos. Mesmo que se considere lento para um novo aprendizado. Sim, eu falo com você. Se não começar como vai aprender?  Quando criança eu queria cantar, mas era desafinada. Entrei no conjunto infantil Arco Íris dirigido pela Eva que pacientemente nos acompanhava. Foram anos ensaiando com ela, dos 8 aos 13 anos, quando as becas nos serviam no meio das canelas. Depois veio o Sal da Terra para os teens, Unicanto para os jovens até chegar no famoso coral de adultos.  Não tinha dinheiro para pagar o curso de técnica vocal, mas durante anos ensaiei com eles e em casa nos playbacks da vida. Ainda sou desafinada, porém, bem menos. Lá atrás quando aprendia a cantar, existia a vontade também de tocar. Era apaixonada pelo Violino. Que beleza melancólica. Fui para uma seleção na única escola de música da cidade, mas era muito concorrido e entrava quem tinha indicação. Eu não tinha ninguém para ser o "peixe

Sábado

Sábado.  Quando chega deixo todas as preocupações diárias. Paro as atividades do cotidiano, para fazer outras mais especiais. Descanso o corpo, a mente e a alma. É um refrigério que encontro toda semana. E recebo como um presente. É o melhor dia da semana pra mim.  Ao sol se pôr na sexta-feira, sei que já vai começar. E junto com milhares de pessoas no mundo elevamos os pensamentos aos céus e louvamos a Deus pela sua criação e bendita esperança.  Claro que não há mais as conversas no Éden em todo fim de tarde, ao pôr do sol. Há apenas a melancolia deste encontro deixada para seus descendentes. No entanto, de maneira especial, todo sábado adoramos  exclusivamente o Criador. E relembramos que o jardim um dia será restaurado. 

Impulsionadora de sonhos

"Impulsionadora de sonhos", foi como me apresentou ao segurança da sua clínica e para a vó do filho dela. Ainda continuou "eu não teria isto aqui e vocês não estariam trabalhando comigo, se não fosse ela".  Na hora, não escutei direito ou meu ouvido demorou para processar a informação. Mas perguntei novamente (quem tem déficit de atenção sempre faz isso) como havia me chamado. Ela repetiu. Escutei com atenção desta vez. Gostei da alcunha. Já tinham me chamado de "sonhadora" ou "viaja na maionese", porém, nunca me deram esta função.  Seria este o meu propósito? Ajudar as pessoas de todas as formas, mesmo sem ter ainda recursos financeiros. Porque não investi nenhum centavo no empreendimento dela. Até gostaria!!! No entanto, como ela mesma disse, eu sempre a "joguei pra cima". Sempre acreditei na capacidade dela. Que ela poderia criar a própria franquia no ramo da podologia, ser uma grande empreendedora e ajudar a sua família. Nunca aceit