Postagens

Mostrando postagens de outubro, 2019

Infância

Era feita de madeira, pequena e pintada de branco com janelas cor de vinho, por um tempo se tornou minha segunda casa. As flores nos recepcionavam na entrada e o calor humano nos abraçava de modo acolhedor, uma simples igrejinha. Todo fim de semana tinha junta panela na casa de algum amigo ou no zoobotânico – meu lugar preferido.  O sábado à tarde era assim, feito de almoço perto de guaxinim, macacos, aves e corridas pelo zoo. Tudo já era familiar, conhecia cada detalhe daquele lugar. Aguardava ansiosa por esse dia, até que todos cresceram...

Visita inesperada

Justo no momento do sono mais pesado, ela acorda sobressaltada com a exclamação “tem um homem!”. Parecia mais um urro do que propriamente um grito. Era 2h30, madrugada de domingo, sua mãe avisa que alguém havia entrado na casa. Desnorteada, seu primeiro pensamento foi questionar a segurança, pois dormiam apenas três mulheres e uma criança. Tudo pareceu ocorrer rápido, hora antes havia acordado e viu que sua irmã deixou a luz da cozinha ligada. O sono era inquieto, não havia sonho, apenas agonia. Seus olhos pesavam forçosamente. Sua mãe gesticulava de olhos arregalados diante das suas crias, pois acordou com o ladrão perto dela, imagina só! Com o susto, o estômago doía, e essa dor persistiu até ao amanhecer. Nervosa, deu por falta do celular e todas perceberam que o visitante havia enchido os bolsos com todos os aparelhos. Todas ficaram gratas pela vida. Depois do episódio, se acalmou aninhada à sua mãe na rede. Foi tentar descansar na cama, no entanto, qualquer barulho a

Insônia

É madrugada, apenas o ronco do meu irmão e o barulho do ventilador disputam a minha companhia. Já passa das 02h, rolo sem sono na minha cama quentinha.  Com insônia acesso a página do Facebook e aguardo abrir o meu perfil. Inúmeras notificações, solitações e mensagens para serem conferidas. É nesse ambiente virtual que me transponho para um mundo onde posso ser o que e u quiser. Porém, me limito em dois papéis: uma hora leitora e em outra hora, escritora.  O enredo mais parece com o romance 1844 de George Orwell. Apenas não sinto cheiro de Gim e cigarros baratos racionados pela polícia, mas percebo que estou sendo observada. O que posto pode até não ser curtido, comentado ou compartilhado, mas é lido em algum lugar. Que olhos me veem, ou melhor, me leem agora? Não sei dizer, mas posso afirmar que faço o mesmo.

Leite de amendoim

"O cheiro é um teletransporte da memória", é uma frase impressa no muro branco da rodovia JK. Meu olfato não contradiz, me faz ser engolida pelas lembranças em segundos. Hoje por exemplo, fiz leite de amendoim com cacau, mas tinha que escolher entre coar ou não, sempre gosto com resíduo. Mas aí vieram aquelas ordens de mãe dizendo para eu passar no crivo, assim o fiz!  Engoli o meu leite de amendoim junto com a emoção. Realmente, aquela frase no muro tem toda razão. 

Azul perfeito

Eu queria voar, voar bem alto, acima das nuvens, no azul perfeito. Eu queria voar, voar sempre alto, como um super-herói, sem a parte que dói. Pois quando criança, me disseram que eu era a esperança, agora o futuro eu sou, e o sucesso ainda não me realizou. Eu queria voar, mas não consigo não, cortaram minhas asas, me afincaram no chão. Eu queria voar, um dia irei voar, coragem e asas vão crescer.

Deixa?!

Vou te amar, te acompanhar, acarinhar, de você cuidar e ser teu par.

Bicicleta

Com você quero passear de mãos dadas, mas acho que está difícil. Vou tentar sincronizar e pegar minha bicicleta, fazer o possível. Melhorar as pedaladas, te dar a mão, ajustar a marcha, seguir o ritmo do coração.