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Mostrando postagens de dezembro, 2020

Dezembro 20

Último mês riscado no calendário, e há a expectativa da imunização chegar bem no início do ano seguinte. A retrospectiva não seria a mesma para todos, ainda que tenha sido repetido tantas vezes que “estávamos no mesmo barco”. Porém, quem viaja neste tipo de transporte sabe que geralmente o primeiro convés serve para as cargas, o segundo tem central de ar e o último é aberto com espaços para bar, lanchonete e até cinema.      A minha impressão é de que pulamos do mês de março para dezembro. Como se um corte seco tivesse sido feito na edição da linha do tempo, ou uma elipse colocada na narrativa deste ano, ou um buraco negro que iniciou na China e se expandiu na Terra devorando a vida de pessoas queridas, os projetos arquitetados, os planos, os sonhos, as viagens, os encontros, a economia dos países, os empregos, a educação das redes públicas, a saúde mental, o equilíbrio emocional e as relações.       Ainda não é possível mensurar o grande estrago causado na vida de todos por esta c

Novembro 20

  Após o dia dos finados, na madrugada de terça-feira, acordei com o estrondo. Perguntei para o meu irmão se ele também tinha ouvido. Os barulhos continuaram. Até que senti o chão tremer. O céu era rasgado como um véu sobre o nosso teto. Então, veio o apagão.      A operadora que minha irmã usa não ficou sem sinal, então, ela buscou saber sobre o ocorrido na internet. Hugo Gloss foi o primeiro a divulgar sobre o estado do Amapá para todo o Brasil com a notícia dos transformadores queimados. No início, pensávamos que o incidente tivesse sido causado por um raio, mais tarde desconfiamos que o governo tivesse se isentado de alguma responsabilidade, para depois descobrir que o caso era mais complexo e estava nas mãos do governo federal.        O calor e os mosquitos eram insuportáveis. Tivemos alimentos desperdiçados. Geladeiras danificadas. Casas incendiadas. Bairros ficaram sem água encanada. Sentíamo-nos estressados pela privação de sono e muitos outros transtornos que você não enco

Outubro 20

Quando a primavera iniciou, brotou em mim a certeza de voltar para o aconchego do lar. A natureza de Alter se alterava drasticamente. No ar, sentia um clima de mudanças externas. Havia a impressão de que um ciclo se encerrava, e eu não poderia evitar. Mesmo contra a minha vontade, apenas me entregar.       Então, voltaria para o aniversário do meu sobrinho, pois havia perdido o do ano passado quando estava em Manaus. Também, para comemorar o meu, junto da minha pequena família sem adultos com mais de 40 anos. Retornaria para casa, para Macapá, para outubro, para a lembrança do luto. Estaria mais uma vez compartilhando do mesmo sentimento com meus irmãos.      Ao sair da minha segunda casa, deixei para trás o Tapajós, os pores do sol que ainda não tinha contemplado, os novos amigos, o volunturismo e a lembrança de um coração partido. De lá, trouxe uma bagagem enorme. Mais a missão de no meu mês fazer o curso de escrita com mentoria no pacote e participar do desafio de escrever um li