Cadeiras vermelhas

Não sei se já aconteceu com você, mas sabe quando está sentado no ônibus e aparece um velhinho ou uma mulher grávida. Então, você fica se perguntando, cedo ou não o meu lugar? Poxa, algumas crianças e adultos estão sentados nas cadeiras vermelhas (lugar de prioridade para deficientes, velhos e grávidas), será que vão se levantar? Será que alguém vai oferecer o assento antes de mim?
Antes, de prontidão me levantava e cedia o meu lugar para um velho, ou uma grávida, ou uma mãe com criança no colo. Mas, agora, tenho meus questionamentos.

As vezes me dá vontade de fazer que nem o garoto de uma história que ouvi: a senhora idosa chega delicadamente, e pergunta se ele poderia se levantar para que ela sentasse. O garoto muito sagaz responde, que não levantaria, pois velha como ela já estava, já havia sentado muito mais do que ele. Certa estudante me contou que uma senhora lhe abordou da mesma maneira, se levantou, desconsolada, para a velha sentar. A garota não estava nas cadeiras vermelhas, mas de forma involuntária ficou em pé para outro sentar. Será que a estudante tinha a obrigação de realizar este ato, mesmo não estando no assento vermelho? Por que a senhora não pediu o lugar de um adulto? Será que somente as crianças devem ceder o lugar? A estudante me avisou que agora só vai sentar nas últimas cadeiras do ônibus.

Comigo aconteceu um fato semelhante, estava sentada desconfortavelmente numa das cadeiras da frente, mas em Belém a maioria dos ônibus, na época, não tinham cadeiras vermelhas. Quando de repente, entrou uma senhora - que aparentava está muito envelhecida para sua idade - grosseiramente, antes que a percebesse já estava guinchando para mim, me expulsando do lugar. Levantei desconcertada e constrangida - não sabia onde me enfiar - humilhada o bastante só para ver a velha estúpida se esparramar. Com a dignidade ferida fiquei em pé o percurso todo, olhando somente para frente. Decidi que nunca mais sentaria nas primeiras cadeiras.
Sempre que posso ser gentil, carrego o material escolar de alguém ou outra coisa mais pesada, porém, nas cadeiras da frente não quero mais sentar.
Por D.G

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