A lata de leite
A rua Netuno estava no maior alvoroço, parecia que algum acidente havia acontecido, mas as pessoas não estavam ali para socorrer e sim para ver o espetáculo. Havia uma mulher numa bicicleta, na frente dela tinha uma barreira de garotos que observavam a cena com curiosidade. Transeuntes paravam, pois também queriam fazer parte do tumulto.
Espremido pela multidão, num canto do muro estava um homem franzino com olhos assustados, ao lado, a prova do crime: a lata de leite. Para que não fugisse, um vendedor do comércio o vigiava, estava sério, apenas cumpria ordens.
O interrogatório começou, quando dois homens se aproximaram do rapaz amedrontado. Queriam saber o que o motivou, “é pro meu filho pequeno, não tenho dinheiro, não consegui trabalho...”. Minutos depois, chegou o dono do mercantil, e novamente a mesma pergunta, seguida da mesma resposta.
Não dava para descrever se o homem estava com medo ou com vergonha. Um dos homens que o interrogava pagou a lata de leite, o valor foi repassado para a mão do vendedor. A multidão aguardava. O dono disse para ele não cometer mais outro furto, que era melhor pedir ajuda, do que roubar.
Depois de ouvir o conselho, se levantou meio que cambaleando, talvez pelo peso da lata! Ninguém perguntou o seu nome. A barreira de meninos o encarava com risos. “Sim, vocês não vão me deixar passar?”, perguntou. Saiu todo atrapalhado com a lata de leite debaixo dos braços. Os dois homens foram atrás dele, e a multidão se dissolveu.
Novamente ele ouviu outro recado dos dois homens, “vê se não faz mais isso, agora volta pra tua casa e dá comida pro teu filho. E não corre!”. Seus pés nus apertavam o passo, agarrado na lata de leite. Dava um passo e olhava para trás. Era cômico de ver. Quando já estava mais distante, começou a correr e sumiu. Será que existia realmente uma criança faminta? E se o rapaz fosse pedir ajuda ou emprego, haveria alguém para ajudar?
Um casal abobalhado passou na esquina, “amor, você soube? Um ladrão assaltou o mercantil”.
Espremido pela multidão, num canto do muro estava um homem franzino com olhos assustados, ao lado, a prova do crime: a lata de leite. Para que não fugisse, um vendedor do comércio o vigiava, estava sério, apenas cumpria ordens.
O interrogatório começou, quando dois homens se aproximaram do rapaz amedrontado. Queriam saber o que o motivou, “é pro meu filho pequeno, não tenho dinheiro, não consegui trabalho...”. Minutos depois, chegou o dono do mercantil, e novamente a mesma pergunta, seguida da mesma resposta.
Não dava para descrever se o homem estava com medo ou com vergonha. Um dos homens que o interrogava pagou a lata de leite, o valor foi repassado para a mão do vendedor. A multidão aguardava. O dono disse para ele não cometer mais outro furto, que era melhor pedir ajuda, do que roubar.
Depois de ouvir o conselho, se levantou meio que cambaleando, talvez pelo peso da lata! Ninguém perguntou o seu nome. A barreira de meninos o encarava com risos. “Sim, vocês não vão me deixar passar?”, perguntou. Saiu todo atrapalhado com a lata de leite debaixo dos braços. Os dois homens foram atrás dele, e a multidão se dissolveu.
Novamente ele ouviu outro recado dos dois homens, “vê se não faz mais isso, agora volta pra tua casa e dá comida pro teu filho. E não corre!”. Seus pés nus apertavam o passo, agarrado na lata de leite. Dava um passo e olhava para trás. Era cômico de ver. Quando já estava mais distante, começou a correr e sumiu. Será que existia realmente uma criança faminta? E se o rapaz fosse pedir ajuda ou emprego, haveria alguém para ajudar?
Um casal abobalhado passou na esquina, “amor, você soube? Um ladrão assaltou o mercantil”.
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