O vaso

Ele sempre esteve ali, naquele lugar. Durante dias, semanas e meses. Não parecia grande coisa, mas também não era pequeno. Servia para dias alegres com flores coloridas e sorrisos, dias apaixonantes com rosas vermelhas e romantismo, para dias tristes quando havia apenas o vazio ou era esquecido.

Não lembro sua matéria, às vezes parecia ouro por sua nobreza, ferro por sua força, barro pela sua fragilidade. Mas lembro que não era chamativo, apesar de decorar. Sempre estava no mesmíssimo lugar. Em certos momentos, a impressão que deixava era de que havia vida nele e que nada despercebido passava. Parecia que queria mais do que guardar flores artificiais ou naturais, pois elas logo murcham e viram lembranças. Porém, não importava sua existência, era apenas um vaso. 

Ninguém sabe contar, mas o vaso sumiu. Sem se despedir. Ninguém viu se quebrou, se alguém o pegou para outra finalidade. Se com dignidade deixou sua função. Agora, é percebida a sua ausência. O lugar do vaso está vazio, assim como a sensação que este deixou. Ele esteve ali no lugar de sempre, no entanto, foi preciso desaparecer para aparecer e assim ser notado o seu valor.




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Motorista sincero

O melhor encontro