Dezembro 20
Último mês riscado no calendário, e há a expectativa da imunização chegar bem no início do ano seguinte. A retrospectiva não seria a mesma para todos, ainda que tenha sido repetido tantas vezes que “estávamos no mesmo barco”. Porém, quem viaja neste tipo de transporte sabe que geralmente o primeiro convés serve para as cargas, o segundo tem central de ar e o último é aberto com espaços para bar, lanchonete e até cinema.
A minha impressão é de que pulamos do mês
de março para dezembro. Como se um corte seco tivesse sido feito na edição da
linha do tempo, ou uma elipse colocada na narrativa deste ano, ou um buraco
negro que iniciou na China e se expandiu na Terra devorando a vida de pessoas
queridas, os projetos arquitetados, os planos, os sonhos, as viagens, os
encontros, a economia dos países, os empregos, a educação das redes públicas, a
saúde mental, o equilíbrio emocional e as relações.
Ainda não é possível mensurar o grande estrago
causado na vida de todos por esta crise. Mas cá estamos com a lembrança de que vivemos
de maneira estranhamente intensa muitas coisas, porém, num período distante. Quem
se lembra do ERROR no ENEM, do naufrágio
no canal do Jarí, dos Chineses com máscaras no final de 2019, do carnaval? Não
sei você, mas minha existência foi marcada pela quarentena, apagão no Amapá e
eleição.
Para os que conseguiram tirar boas lições,
lhes cabe o dever de compartir o que aprenderam e inspirar. Agora, para muita gente resta continuar com esperança
o que foi interrompido, assim como os personagens de uma série heroica. Mas ao
invés da mente ser apagada, ter o corpo imunizado pela tão almejada vacina.
Para viver 2021 sem loop e sem fingir
normalidade.
Comentários