Um lugar chamado Alter do Chão

 "Quem gosta daqui sempre volta", escuto esta frase inúmeras vezes dentro do hostel onde todos se sentem em casa. Não sei, talvez seja a cozinha logo na entrada, com redes penduradas. Quem sabe, seja a mesa grande com pessoas compartilhando a comida como uma grande família ou a presença da anfitriã que cuida da ambiance como se fosse uma casa. 

No entanto, não é a hospedagem que faz toda a diferença. Pois isso faz parte do conjunto de coisas que nos proporciona bem estar. Há gente vinda de toda parte do Brasil, até quem antes só ía para o exterior e é autossuficiente. Têm estrangeiros, viajantes e turistas, a maioria da Europa. Mas existem muitos amigos latinos, como os argentinos. 

Na praia vi um grupo de alternativos comemorando o aniversário de uma criança. Escuto conversarem em espanhol e cantar. De longe, vejo o equatoriano que conheci no início da pandemia e que hoje é companheiro da minha amiga carioca. Ela não estava presente, pois trabalhava numa comunidade do Arapiuns, lugar que todos julgam fantástico e que ainda não conheci. Aqui chegam turistas famintos por uma experiência na Flona ou nas praias brancas de água doce esverdeada e pores do sol fantásticos. 

Pra cá vem pessoas que querem aproveitar ao máximo os sabores regionais, curtir boas conversas regadas a caipirinha de açaí e cachaça de jambu.  Se embebedar nas festas privadas. Bailar carimbó na quinta dos mestres. Dá match com as santarenas. Porém, já conheci gente que só quer esticar o corpo numa rede o dia todo, pegar sol na Ilha do Amor, comer tambaqui, piracuí e comprar souvenir. 

Tem gente de toda parte do nosso país, algumas já conheceram um pouco do mundo lá fora  ou rodaram pelo nosso Brasil. Agora estão a conhecer o mundo aqui dentro. Porque Alter parece está num universo paralelo, com um aglomerado de experiências e sabores para todos os gostos. Há quem se hospede numa pousada na floresta com diária mais de 500.00 e há quem pague pra dormir num redário na orla pra ser acordado pelo nascer do sol e canto dos pássaros. Mas há também quem se vira pra ficar aqui de vez, mora na floresta do bairro Caranazal e Jacundá, em hostel sendo voluntário, dormindo em barracas na praia ou em Camping. 

E há quem abandonou tudo no Sul pra abrir um negócio caprichado. Quem chega aqui sempre volta. Na primeira vez, passei só um dia, e decidi pedir demissão. Na segunda, morei alguns meses durante o início da pandemia e a cá estou mais uma vez. 

Só digo uma coisa, conheci pessoas que passaram por lindos cartões postais, mas lamentaram ter de partir daqui. Não é só o acolhimento na hospedagem, os rolês aleatórios, o açaí, o pôr do sol, piraoca, praias paradisíacas de água doce, carimbó, gente de toda parte, comidas vegetarianas deliciosas (sim, porque é comum encontrar), a hospitalidade do povo, é tudo isso e mais a energia agradável do local. 

É por isso que aqui quem chega sempre volta. Eu, por exemplo. Porque aqui a maior preocupação é ver o pôr do sol. Um dia é como uma semana e uma semana é um dia. Um lugar de recomeços. Onde encerro ciclo e começo um novo. Por isso é tão bom aqui retornar. 

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