Sentir na pele

Se tu não falas, a pele grita. 

Uma lição aprendida alguns anos atrás quando um cliente me surpreendeu. Na época, estava para completar dois anos de atendimento na loja física e redes sociais, e este homem nunca falava mais que cinco palavras comigo. O que incluíam Whey Protein, barras de proteínas e obrigado. Ele chegou próximo do fim do expediente, se aproximou de mim e olhou bem no meu rosto. Bom, foi o que pensei. Depois, invadiu meu espaço e apontou na minha mecha "sabia que tu tens Vitiligo?!". Pensei, "demorou tanto pra ter uma conversa, e já começa assim!". Então, mostrou alguns fios de cabelos brancos na parte frontal da cabeça dele e explicou que não era visível porque havia feito tratamento quando criança. 

O que me fez lembrar de um rapaz que conheci na adolescência, os seus olhos e lábios sofriam com a despigmentação. Quando se estressava, notava-se vermelhidão nas áreas afetadas. As manchas brancas apareceram no rosto aos 10 anos, após o divórcio dos pais. Já na minha cabeça surgiram aos 20 anos, mas pensei que seria algo hereditário, pois meu pai ficou grisalho bem cedo. Diferente da minha mãe que aos 51 anos ainda tinha uns 5 fios brancos. Ela até caçoava de mim, dizia que era mais nova do que eu. 

Após a conversa, acessei o Google ao chegar em casa. Quase hipocondríaca como sou, não só fiz a pesquisa como marquei a consulta com o dermatologista. Não seria a minha primeira vez neste especialista. Antes de ter contato com sites de busca como Yahoo, eu já fazia minhas pesquisas nas enciclopédias, livros educativos vendidos nas portas das casas. E foi assim que descobri o nome da doença que me molestava desde criança, a tal blefarite. E isso, aos 17 anos.

 Fui inúmeras vezes ao dermato por conta disso, e de outros inconvenientes na pele. Na consulta para verificar o problema, o médico me pediu muitos exames. Inclusive aqueles referentes aos hormônios, doenças autoimunes. Claro que fiz a minha parte com estudo a respeito do assunto. O médico disse que era vitiligo, porém, quando se  manifesta no couro cabeludo e cabelo, é chamado de Poliose. Quanto aos exames deu tudo não reagente. 

Saber de mais um probleminha de pele me fez descobrir mais a respeito da minha saúde física, sobretudo, a emocional. Pois ao estudar entendi a grande influência que as emoções tem sobre o meu corpo. Os muitos amigos na adolescência, a vida esportiva e as muitas horas de leitura não eram suficientes. Eu não falava nada, e isso machucava o meu corpo. Agora entendo o porquê da baixa imunidade, das dores no estômago e doenças na minha querida skin. 

Tudo faz sentido, graças ao cliente sisudo. Por causa dele soube que minha mecha branca no cabelo não era excesso de charme.

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