Motorista sincero

 Ele me pegou na Av. Independência às 8h09 da noite. Na conversa disse que estava com 31 anos, era casado e tinha uma filha. Me perguntou de onde eu vinha e o motivo da viagem. Também quis saber se eu era crente, e afirmou que até o próprio Iπi=igo é, se crê em Cristo. "É muito difícil ser cristão, saca?!". Concordei. Tem muito cristão embecado e de bíblia debaixo do braço que não sabe ser gentil, educado, amoroso, bondoso, generoso, empático assim como Jesus.

 Disse pra mim que conhecia o submundo e que já tinha visto de tudo. "Eu cresci no Jurunas!". Comentei que eu também havia crescido em área de risco social. Várias vezes repetiu que era difícil ser cristão, mas sua conversa era cheia de referências bíblicas e anseio. Perguntei se ele havia frequentado a igreja alguma vez, afirmou que sim. E relembrou com saudades dessa época. "Não é fácil, a gente precisa de dinheiro, já fiz tantas coisas!". Enfatizei que Cristo não se importava com o passado dele, bastava conversar, confessar e se arrepender, que tudo seria jogado nas profundezas do mar. "Eu quero seguir a Cristo, mas ainda não dá".

 Então, me contou que havia feito uma corrida com um pastor. "Ele falou que Deus tinha me dado um livramento pela manhã e foi persuadido a me dizer". Nada é por acaso nos planos de Deus, pensei. Sentada no banco de trás, atenta aos sinais. Tinha acabado de chegar de uma viagem longa de bus vindo da Bahia, onde havia participado do congresso internacional de jovens e adultos focados em missão. "Deus te enviou o cliente pela manhã e agora eu à noite. Por que assim como tu estás não se entrega a Ele hoje?". Então me perguntou se eu queria orar por ele . 

Em frente ao aeroporto, dediquei a vida do motorista ao Senhor. No meu íntimo, torci pelo melhor. Foi um privilégio orar ali por ele. Paguei a corrida, segui o meu caminho para esperar o meu vôo. E ele seguiu com seu trabalho. No que resultou este encontro? Só vamos saber na eternidade. 

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