O cão e o abutre

Sobre a calçada está o cão. Um abutre pousa sobre a lixeira. Outras figuras carniceiras consomem o lixo derramado na rua. O cão observa.  Não se agonia. Não late. O abutre abre as asas, mas continua no mesmo lugar com a atitude de um supervisor de equipe de limpeza.

Não havia amizade entre o cão e o abutre, no entanto, a tarefa não era interrompida. Não era a cumplicidade que mantinha estático o melhor amigo do homem, para permitir que estranhos vasculhassem o lixo doméstico de seus donos. Ou consumisse restos do jantar que ele poderia comer quando conseguisse derrubar da lixeira, naquela manhã.

Talvez fosse a covardia, com medo de ser devorado vivo pelas aves, mas seu cheiro ainda era de um cão que não tomava banho com frequência. O vigia canino continuou ao lado do abutre-chefe, como se compreendesse que aquele momento deveria acontecer.
 

Comentários

Unknown disse…
oie Dani seguindo você tah ? oh gostei dese cão. =) abraços.

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