O Local


Nesta manhã, ao acordar percebi que estava sozinha. Abaixo da minha cama havia apenas os objetos do colega de quarto que ainda não tinha visto. Todas as outras camas estavam vazias, alguns tinham ido para uma experiência de imersão na Amazônia.

De repente, senti um aperto no peito com a certeza de que seria assim todos os dias. Viveria intensamente uma semana de amizade ou menos que isso e depois me despediria para dar boas vindas à próxima pessoa que conheceria. É incrível a energia das pessoas que encontro por aqui, vindas de todas as partes do nosso país e do mundo, num fluxo constante.

Diariamente passam por aqui Brunas, Lucianas, Paulas, Daniels... Mas vou citar Tatiana, vinda de São Paulo, havia chegado no mesmo dia que eu. Se apresentou e me deu um abraço acolhedor, com um sorriso iluminado disse que havia trazido a chuva. Pelo visto não foi somente isso que ela trouxe, pois aproveitou suas horas acumuladas de folga para realizar o sonho de conhecer a Amazônia.

Sua empolgação era contagiante, suas palavras eram regadas com lágrimas vindas de uma sensibilidade admirável, “quanta vida há nesta moça!”, pensei. Na mesma tarde, a levei pra conhecer o parque Jefferson Perez, e ela se interessou pela minha história.

Quando Tatiana foi fazer sua imersão na selva, dela senti saudades. A aguardei ansiosa para ouvi-la contar com brilho nos olhos sua experiência e receber mais abraços apertados. Ainda nem era seu último dia aqui, mas disse que eu tinha uma alma linda e que em mim havia mais força do que imaginava. Agradeci. Não é sempre que se fala dos “dias de lutas e dias de glórias” para uma estranha, e em troca recebe palavras de motivação e carinho da nova amiga que rápido se tornou.

O ambiente aqui é assim, amigável. Uma semana intensa, parece um mês. Têm despedidas, e inícios de ciclos. Já compreendi como as coisas acontecem por aqui, e já me sinto parte deste local.


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Maio 20