Descoberta
Enquanto lia, deitada na cama. Ele tocava ao lado, sentado à frente do computador. Quando o visitava, passávamos horas assim. Ele estudava para passar no ENEM durante o dia, mas todas as noites, às 20h, e no sábado à tarde e domingo, ouvia música e se agarrava ao seu violão. Cantava e tocava com paixão. Seu repertório era vasto, com mais de 49 músicas memorizadas. Uma vez, lancei um olhar na sua direção. Como era lindo contemplar uma pessoa apaixonada pelo que fazia. Não era só o apego pelo objeto que o acompanhava desde a Argentina por quase uma década. Suas histórias antigas da vida boêmia. Suas horas gastas na frente do Ableton Live criando batidas. Era seu entusiasmo que me encantava. Um homem de muitas camadas. Talentoso na cozinha. Com uma memória de elefante e conversas incomuns. Criador de logos minimalistas. Ovolactovegetariano como eu. Enjoado pra caramba. Mas que ninguém precisava perguntar qual era o seu sonho. Pois ele era músico sem plateia com algumas letras r...